Panorama disponibilizado pela Belo é um termômetro das relações entre o Planalto e o Congresso
“Lula terá Congresso mais dividido”, “desafio de formar frente ampla no Congresso”, “desafio de governar um Brasil polarizado”. Essas foram algumas das manchetes publicadas pela imprensa brasileira após a oficialização da vitória de Lula nas eleições de 2022 — os partidos da coligação do atual presidente elegeram 122 deputados federais, menos de um terço dos 513 assentos da Câmara.
A construção de uma base sólida no Senado e na Câmara dos Deputados é crucial para qualquer presidente governar, dada a necessidade de aprovação parlamentar para muitas políticas. Já no início do mandato, o presidente cedeu pastas importantes para siglas da centro-direita, como PSD, União Brasil e MDB.
A fotografia ao final do primeiro ano é, no geral, positiva para o governo petista. Entre os parlamentares que compareceram em mais da metade das sessões da Câmara dos Deputados, 67,5% deles votaram de acordo com a orientação registrada pelo Governo em pelo menos três quartos das pautas.
É o que mostra o panorama dos dados presentes na análise “Planalto vs. Congresso: aderência parlamentar às orientações do governo” realizada pela Belo. No material, é possível checar como cada deputado vem se posicionando no agregado das votações, além da posição de cada partido.
A análise abrangeu 238 votações no Plenário em que o governo emitiu orientação, representando 79,3% de todos os pleitos. O PL se destaca como o maior opositor proporcional, com 100 parlamentares tendo registrado votos, seguindo o governo em apenas 32,9% das ocasiões. O Novo, com apenas 3 cadeiras , é o partido que menos segue o governo, registrando 20,8% de adesão.
O PT, com seus 68 deputados, naturalmente mantém uma adesão alta, de 97,2%, ao governo. Partidos menores, como PCdoB, PV e PROS, ultrapassam os 95% de adesão. Já União Brasil, PP, Republicanos, MDB e PSD, com mais de 40 assentos, votaram com o governo em pelo menos 70% das ocasiões, sendo alvos constantes de negociações.
Embora o ano tenha sido marcado pela aprovação de grandes pautas, como a Reforma Tributária, foi preciso negociar e acomodar figuras de outros partidos como do PP, do Republicanos e do PSB nos ministérios para garantir as vitórias.
Para 2024, o governo terá ainda mais desafios para as grandes pautas, como a regulamentação de alguns pontos da Reforma Tributária, Reforma Administrativa e o chamado PL das Fake News, que devem exigir novas negociações. O panorama disponibilizado pela Belo é um termômetro das relações entre o Planalto e o Congresso.
Nota: Nos dados e gráficos da nossa análise, os partidos podem aparecer com mais parlamentares do que a contagem atual de Parlamentares em exercício devido à substituição de deputados licenciados por suplentes — a análise conta todos os deputados que participaram de alguma sessão em que o governo emitiu instrução.